Artigo

O ar frio da noite que não arrefece  

Deixei entrar o ar frio desta noite pela janela do meu quarto. Esqueci-me que era Dezembro, que era Inverno, e abri a janela.

Toda a temperatura do meu quarto alterou, mas não me apercebi. Fiquei longos minutos a contemplar o orvalho que caía sobre as ervas daninhas, era branco, confundia-se com a neve, mas só na aparência. Pintava o jardim que dá acesso às garagens, dando aquele toque mais frio a esta noite de Inverno.

O frio é subjectivo, como tudo na vida, o ar pode ser frio para a nossa pele, para o nosso corpo, mas será que esse ar sem vida, sem energia, é frio o suficiente para diminuir o fogo ardente que é sentido no coração?

Claro que não, no Inverno sabe tão bem estarmos junto à lareira, poder aquecer-nos numa fogueira e se tivermos essa fogueira dentro de nós, nunca iremos sentir frio na nossa vida.

Posso dizer que é uma fogueira especial, tudo rejuvenesce ao seu redor, o tempo não passa, o calor é agradável à medida do que sentimos, estamos horas longe deste mundo a contemplar o motivo por estar ali, apenas a observar, sem preocupações, sem problemas, onde tudo se resumo a um retrato mágico na imaginação de um sonhador.

Pego nos pincéis que estão junto à fogueira, aqueço as mãos e dou vida a mais um sonho, resvalado naquele bocado de papel que é a imaginação. A tinta não se esgota, o papel desenrola-se infinitamente através de um papiro mágico e o que é desenhado é sempre especial, aquece a alma, faz crescer o coração ainda mais e dá sentido a tudo que pode existir na vida. No fim, sinto-me ainda mais vivo, suspirando como uma criança, sentindo o coração bater cada vez mais alto, o coração parece estar a sair do nosso peito, mas sentindo uma sensação de tranquilidade, de amor por ti.

Já passaram segundos, minutos, horas desde que comecei a escrever este texto, a noite já vai longa, e parece que ainda só agora abri a janela do meu quarto.

27 DEZ, 2016 0

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